Orientação do Dia
19 abr
Tudo tem a ver connosco. Não com os outros. Devemos construir uma base sólida nas nossas próprias vidas. E, ao longo do caminho, enquanto nos debatemos para ultrapassar vários problemas e sofrimentos devemos esforçarmo-nos para conseguir tudo o que nos propusemos atingir. Este sofrimento é a carne e os ossos de um líder. Tornar-se-á o tesouro da nossa vida.

Gohonzon

O objecto de devoção no budismo de Nichiren chamado Gohonzon, tem a forma de um pergaminho inscrito em caracteres chineses e sânscritos. Os membros da SGI recebem o seu próprio Gohonzon, que consagram nas suas casas, e no qual se focam quando invocam daimoku.

O significado do Gohonzon não reside no sentido literal dos caracteres, mas no facto de ter sido criado por Nichiren como a incorporação física, sob forma de uma mandala, da lei intrínseca e eterna de Nam-myoho-rengue-kyo. A frase "Nam-myoho-rengue-kyo Nichiren" está escrita em caracteres destacados no centro do pergaminho.

Ao inscrever o Gohonzon para a felicidade de toda a humanidade, em 12 de Outubro de 1279, o único propósito de Nichiren foi o de ajudar qualquer pessoa, independentemente do seu género, raça ou estatuto social, a experienciar a mesma iluminação que ele próprio tinha atingido.

O Gohonzon é uma personificação do estado de Buda que existe dentro de cada um de nós. Contudo, para a maioria de nós, este estado permanece como um potencial que não se realiza; está latente, mas precisa de ser “activado”. Através da prática diária frente ao Gohonzon podemos revelar essa natureza de Buda latente. O Gohonzon, num certo sentido, é como uma máquina de exercício espiritual – através dele, desenvolvemos as nossas vidas, já que simplesmente possuir o potencial não é suficiente.

Nichiren encoraja-nos, “quando invoca myoho e recita rengue, deverá convocar uma fé profunda de que Myoho-rengue-kyo é a sua própria vida” (WND-1, 3). Nichiren ensina-nos, por outras palavras, que a nossa vida é o maior tesouro.

A nossa condição interior transforma-se constantemente quando temos contacto com diferentes estímulos exteriores: pessoas, meteorologia, uma obra musical, a cor das paredes... tudo isso cria um grau de influência sobre nós. Uma pintura pode levar um espectador a sentir-se alegre, calmo ou revoltado, e uma carta pode trazer alegria, choque ou consternação. O Gohonzon é o estímulo que nos ajuda a extrair o mais elevado estado de vida, percepcionar o estado de Buda como a verdadeira natureza da nossa vida e viver em harmonia com o nosso meio ambiente.

Para transmitir esta mensagem, Nichiren baseou a imagem gráfica do Gohonzon numa cena do Sutra do Lótus e na teoria da posse mútua dos Dez Mundos, que expressa que o mundo da Budicidade existe enquanto potencial a cada momento ou em cada condição de vida de uma pessoa. Por outras palavras, o mundo da Budicidade não reside fora da nossa existência diária ou do nosso ser – ele é inerente à nossa própria vida.

Os caracteres maiores de "Nam-myoho-rengue-kyo" ao centro do Gohonzon representam esta compreensão. À esquerda e à direita de "Nam-myoho-rengue-kyo", desenhadas em caracteres mais pequenos, estão as várias figuras que representam os Dez Mundos na vida do Buda. Nichiren indicou graficamente que todos estes mundos são iluminados por "Nam-myoho-rengue-kyo", ou a Lei Mística, e que estão contidos no mundo da Budicidade e vice-versa.

Ou seja, todos os seres são Budas. É somente a questão de despertarmos para esta compreensão e vivermos de uma forma que manifeste esta verdade. No budismo de Nichiren, invocar ao Gohonzon e tomar acção para o bem dos outros é a forma de alcançar isto.